quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

As florestas portuguesas em números: uma situação preocupante.


Ao longo das últimas décadas, o peso económico das florestas em Portugal evidenciou um progressivo declínio, com consequências várias ao nível social e ambiental.

Desde 1996, foi diagnosticado (Poyry, BPI, Agro.ges) que as florestas em Portugal revelavam clara evidência de subaproveitamento e de sobre-exploração.

No atual momento de crise, o valor financeiro das exportações parece ser o fator mais relevante para o Governo e para os analistas económicos, todavia existe uma grande preocupação sobre o seu impacto na degradação dos recursos naturais que, apesar de renováveis, carecem de medidas que assegurem a sua sustentabilidade.

Os atuais números sobre as florestas e a silvicultura em Portugal, baseados nas estatísticas oficiais e noutras fontes credíveis, são preocupantes:

67% representam o decréscimo do peso do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura no VAB nacional, ou seja, de 1,2% em 1990 desceu para 0,4% em 2010.
(Fonte: INE, 2012)

40% respeitam à redução do impacto das fileiras florestais no Produto Interno Bruto (PIB), de 3% em 2000 para 1,8% em 2010.
(Fonte: GPP/MAMAOT 2012).
  
1.500.000 hectares é a estimativa de solos abandonados em Portugal. Está área corresponde a 43% da superfície florestal portuguesa e a 17% da área continental de Portugal.
(Fonte. Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, 2012).


1.500.000 hectares representam a área florestal ardida acumulada ao longo da última década (2002/2012). Está área acumulada corresponde a 43% da superfície florestal portuguesa e a 17% da área continental de Portugal.
(Fonte: ICNF, 2012)

74.200.000 Euros correspondem ao montante desperdiçado em 2012 no combate direto aos incêndios florestais, valor esse 10.3% superior ao montante gasto em 2011.
(Fource: ANPC, 2012).

1.000.000.000 Euros/ano é a estimativa do custo médio dos incêndios florestais em Portugal, quer na perspetiva ambiental quer na socioeconómica.
(Fonte: Manifesto pela floresta contra a crise, 2012).

  
2.400.000 toneladas de CO2 eq foram emitidas para a atmosfera na última década, de acordo com o recente relatório da Plataforma para o Crescimento Sustentável (PCS), em resultado dos incêndios florestais. Todavia, estudos científicos apontam para valores no mínimo 10 vezes superiores aos apontados no relatório da PCS.
(Fonte: www.atmos-chem-phys.net/11/2625/2011/).

  
5.700.000 barris de petróleo correspondem ao desperdício equivalente às perdas decorrentes dos incêndios florestais na última década. Valor esse que se aponta ser muito superior.
(Fonte: Relatório para o Crescimento Sustentável, PCS, 2012).

  
35% correspondem à média registada na distribuição da área florestal ardida em Portugal, entre 2000 e 2009, no conjunto dos 5 países do Sul da Europa.
(Fonte: Espírito Santo Research, BES, 2011).

  
100% refletem o acréscimo da área de eucalipto nos últimos 30 anos. Não estão ainda disponíveis os dados do último Inventário Florestal, todavia estima-se que as plantações de eucalipto em Portugal, com a quinta maior área a nível mundial, tenham aumentado para perto de 1 milhão de hectares. Esta evolução ocorre apesar do registo de indícios de abandono da gestão dos eucaliptais, da elevada combustibilidade da espécie e da produtividade média anual se manter em valores registados em 1928.


700.000.000 Euros correspondem ao montante de fundos públicos gastos no apoio à florestação, apenas para uma das espécies florestais portuguesas, nos últimos 20 anos. Este montante poderia ter resultado em 350 mil novos hectares com esta espécie lenhosa; contudo esta mesma espécie registou, no mesmo período, uma redução de área em cerca de 400 mil hectares. Poderão os fundos públicos utilizados no apoio à floresta ter promovido a “indústria” do fogo em Portugal?


16 anos é o período de tempo que decorreu desde a aprovação na Assembleia da República, por unanimidade, da Lei de Bases da Política Florestal, publicada em agosto de 1996. Contudo, após este período, a lei não tem concluído o seu processo de regulamentação. O processo de regulamentação da lei passou já pela mão de 7 ministros.



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